Avisos:

A Banda de Amarante vai apresentar-se em Peroselo, Penafiel, para a festa em honra da Nª Srª da Visitação, no próximo dia 7 -- VI Estágio de Verão e Curso de Aperfeiçoamento de Sopros e Percussão (este ano com o maestro José Rafael Pascual Vilaplana) de 19 a 23 de Agosto -- Banda Musical de Amarante - Vencedora do 1º Prémio/III Escalão do IV Concurso Internacional Ateneu Artístico Vilafranquense e Prémio Tauromaquia

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vivos

Suponhamos que talvez haja vida na terra com o intuito de atingir marcas. Marcas pessoais, de realização de objectivos. Marcas temporais.

Ontem a Banda Musical de Amarante chegou à simpática marca de 154 anos de vida. Uma longevidade cheia de memórias, mística, histórias e trabalho, apenas interrompida por um curto hiato, que só prenunciou uma época completamente nova e mais motivante. Mas pausar não significa parar, e eis-nos de volta, com vontade sempre de dar “o melhor e mais um pouco” de cada um de nós e deste todo que é a Banda.

Tal como em 1854, mas não tão cedo, os executantes concentraram-se na sede da Banda a horas madrugadoras. Sete e meia e já lá estavam túnicas azuis, preparados para tomarem parte mais um ano na história e tradição desta instituição. Água ardente e vinho do Porto, figos secos e pão-de-ló. Rever um pouco a “matéria” e saltar para o autêntico frigorífico exterior que era o ambiente amarantino. A neve na serrania em redor deixava o ar frio, gélido mesmo. Mas não era nada que o músico não estivesse habituado. Interpretou-se o Hino da Restauração à porta da nossa casa, onde ensaiamos e delineamos todas as tácticas para os serviços. Seguiu-se para a nossa antiga casa, os Bombeiros Voluntários de Amarante, onde nos ofereceram um pequeno “mata-bicho” que soube pelo calor hospitaleiro. Rumou-se pela cidade abaixo, acenando à nossa terra-mãe e ao nosso lindíssimo mosteiro, dando também o devido relevo a uma das mais antigas instituições de imprensa de Portugal, “A Flor do Tâmega”. Seguiu-se a romagem ao cemitério, onde a “Alma Máter” pautou a nossa sentida homenagem aos amigos já idos. Lembremo-nos sempre desta marcha fúnebre. Apesar de ser um hino de despedida, foi a toada que nos saudou de volta quando nos reformulamos na já ida Sexta-Feira Santa. A manhã acabou com a cerimónia religiosa. Os entes sagrados, figurados no novo Pe. José Miranda, concederam-nos a sua bênção e desejo de continuidade, por toda a nossa importância como difusores da música – talvez uma linguagem de Deus, não querendo ser herege. Aproximando a Banda da paróquia, deram som à cerimónia um coro dirigido pela executante Beatriz Monteiro e seu organista e o executante Fábio Pinto da Costa na flauta Transversal. Finalmente, 13 horas, tempo para almoçar.

Salto no tempo, 14h15, já estavam de volta os músicos à sede. Hora de ensaiar uma última vez antes do concerto, a cereja em cima do bolo. Mais músicos vieram ajudar à festa, completando a formação, enriquecendo timbricamente o grupo. Chegada a hora, abrir-se-iam as cortinas ao público e dar-se-ia início ao concerto. Abriu-se com Consuelo Císcar, um passodoble castelhano cheio de delicadeza e cor. Seguiu-se com o Concertino de Weber para clarinete, abrilhantado pelo primeiro clarinete Carlos André. Ross Roy deu início à toada ligeira da tarde. A pequena e simpática Typewriter cativou claramente o público com uma coreografia cómica e viva. O medley de Carlos Santana prosseguiu após discurso do nosso presidente, Dr. Dinis de Mesquita e, porque estamos em Portugal, houve direito a uma rapsódia. Ao iniciar e finalizar o espectáculo, interpretou-se o “nosso” Hino da Restauração, como símbolo solene do nosso aniversário. Os maestros Manuel Fernando Marinho e Armando Teixeira dirigiram a Banda durante o evento. E como este dia é símbolo das ditas marcas, que falei acima, o discurso do nosso presidente contemplou precisamente este tema. Tivemos direito a despedir-nos de um executante que, por motivos de ordem maior, teve que se apartar da Banda, deixando-nos com pesar mas com bons momentos para recordar – o sr. Joaquim Borges em saxofone alto. Saudamos o mais novo executante, Delfim Carvalho em oboé. Congratulámos um dos nossos símbolos do grupo: Alberto Flores. O nosso eterno pratilheiro chegou à marca dos 50 anos de vida filarmónica. Teve direito à homenagem e a um sentido brinde da direcção.

Foi assim que passou a tarde. Veio a noite para deleitarmos o nosso paladar. O restaurante “A Grelha”, sempre fiel ao bom gosto gastronómico, providenciou um bom banquete, onde se juntaram músicos, amigos, directores e família. Houve tempo para discursos, onde o nosso presidente destacou a selectividade nos objectivos e serviços e a capacidade para lidar com homens, tentando primar pela diferença, assim como o agradecimento à Câmara Municipal por todo o apoio. A isto, o Dr. Armindo Abreu, autarca da cidade, respondeu destacando a importância da nossa colectividade na cultura e futuro do nosso concelho.

Termina assim o dia. Levamos todos para casa um sorriso pela vida que a Banda tem hoje. Vida nova. Ficam os agradecimentos aos músicos convidados, que vieram ajudar e abrilhantar o dia, com uma classe sem dúvida excelente; a dois maestros que fazem das tripas coração por esta Banda e que provam que são brilhantes e cada vez melhores; a todos os que trabalharam e mostraram o resultado, chegando a esta marca que nunca pode ser esquecida. Valeu a pena.

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