Avisos:

A Banda de Amarante vai apresentar-se em Peroselo, Penafiel, para a festa em honra da Nª Srª da Visitação, no próximo dia 7 -- VI Estágio de Verão e Curso de Aperfeiçoamento de Sopros e Percussão (este ano com o maestro José Rafael Pascual Vilaplana) de 19 a 23 de Agosto -- Banda Musical de Amarante - Vencedora do 1º Prémio/III Escalão do IV Concurso Internacional Ateneu Artístico Vilafranquense e Prémio Tauromaquia

sexta-feira, 28 de março de 2008

Dia de Páscoa

Após uma Sexta-Feira Santa para recordar, bem ou mal desempenhada que fosse, e um Sábado de Vigília para descansar, a Banda estava pronta para outra. A caminhada das caminhadas. A única (ou quase exclusiva) festa “no pó” que faremos daqui para a frente. Sim, porque hoje somos uma banda filarmónica de orgulho mais imponente e não iremos mais a serviços de “tocar para as pedras da calçada” e ser abandonados após a procissão. Essas festas dão prejuízo à partida. Logo não faremos. Esta, pelo contrário, é na nossa terra. A única terra a quem devemos o facto de sujar as fardas no pó. A Páscoa é uma nobre tradição que não se interrompeu nem se deve interromper. E, tal como o Messias dos Cristãos, no tempo de Páscoa, a Banda ressuscitou.

O dia começou com mais um ensaio. Apurar e preparar melhor a execução de marchas novas, que iriam ser estreia nas ruas de Amarante. Caras antigas e queridas de gentes que não se imaginavam em tal regresso foram revisitadas nessa manhã. A Banda estava mais que completa com a reformulação do núcleo duro que se vinha a perder. Após a bênção de Deus no mosteiro, as cruzes e a Banda saíram à Visita. Começara a festa. Ao som de “Caçadores do 1”, a Banda saiu à caminhada pela Alameda do Poeta, subindo à Baseira, numa caminhada que só acabou na Quinta do Salto, onde a Banda, tal como em outras casas, foi recebida com hospitalidade e amizade por gente amiga e generosa. Notava-se a diferença desde logo no público mais interactivo que batia palmas e ovacionava à passagem da formatura. Aplaudiam a Banda renascida e a mensagem que passava era positiva. Agrademo-nos, executantes, com este sentimento.

De tarde, a corrida foi orientada pelo novo maestro, fazendo turno com o nosso Director Artístico. Não acusou a responsabilidade, o novo homem da batuta, guiando a Banda pelos caminhos de S. Gonçalo, pelo lugar do Campo da Feira.

Notemos que talvez a emoção do dia tenha atingido o seu auge na passagem pelo quartel dos Bombeiros Voluntários de Amarante. Em acidental mas genial sincronia com o Compasso, a marcha do “Presidente António Conde” foi executada em frente à multidão que enchia a garagem das automacas, com a tradicional cruz de serrim no chão. Relata-se momentos de choro e emoção na casa da Instituição de que outrora fizemos parte. Os nossos irmãos alegraram-se com o nosso regresso. Caminhadas finais pelo centro da cidade, com cada vez mais vontade e energia apesar do cansaço, em direcção aos sinos que chamavam ao mosteiro. Uma vez no interior da nave, no início das cerimónias, a marcha de abertura das festividades, acabou por as fechar. Os “Caçadores do 1”, de Amílcar Morais, reuniram palmas, campainhas e ovações (numa cerimónia religiosa!). A “pancada” no prato, com a sua elevação logo a seguir, num dos temas da marcha, levava ao delírio, tanto músicos, como público. De destacar a prestação impressionante do naipe de trompetes. Quatro executantes no início da sua formação, que deram o perfeito toque militar à marcha, fazendo esquecer os abandonos e recusas por indisponibilidade de vir tocar trompete à Banda.

Acabaram assim as festividades da Páscoa. Finalizaram-se com abraços. Emoção que acompanhou toda a gente desde a primeira nota da “Alma Máter” na Sexta-Feira até à última nota dos “Caçadores (…)” no Domingo.

Os Parabéns a esta Banda de apaixonados, lutadores e sobreviventes.

"Parabéns, pois Amarante voltou a ver a sua Banda e vocês foram os responsáveis por isso. Um Muito Obrigado" - a Direcção

sábado, 22 de março de 2008

Sexta-Feira Santa

Clareava a Lua no escuro firmamento nocturno, limpo a tentar conter a chuva que se anunciava para o dia a seguir. Fazia frio, muito frio. Mas os corações escaldavam com um nervosinho bondoso.
Após um pequeno ensaio, as fardas azuis ocuparam o seu lugar no pátio da igreja, prontos a alinhar e começar a tocar. E aconteceu.
Mesmo com a inveja de alguns, com desistencias à última da hora, com estupefacientes à mistura, a Banda Musical de Amarante fez o tradicional serviço de Sexta-Feira Santa. Começou a procissão. Qualquer tipo de barulho cessou naquele mesmo momento. Qualquer tipo de luz. Esta procissão é alegórica ao funeral de Jesus Cristo. Somente as velas davam a luz naquela noite. As velas e a Lua. Lua cheia e reluzente.
Subiu-se e desceu-se na outra direcção a rua ao om da "Alma Máter" e, claro da "Solidão". Para quems e acha algum guru, que viesse ouvir como a Banda interpretou cada mudança de tonalidade, cada dinâmica da música, frase a frase, cada respiração em conjunto.
O toque seco da caixa marcou o luto da ocasião, encurtando os momentos musicais, pois, de facto, não se tratava de uma comemoração esplendorosa, mas sim de um luto.
Ao descer para S. Gonçalo, o orgulho bateu forte, ao contemplar o mosteiro, a ponte e o rio e, finalmente, prestar as nossas contas aos símbolos desta cidade a que pertencemos ao som de música.
Dada a volta à cidade, a passo fúnebre, entre marchas tocadas com sensibilidade, com algumas habituais, inconvenientes mas, ao mesmo tempo, nostálgicas trapalhadas, sem nunca estragar a noite, a procissão e o serviço da Banda chegaram ao fim. E, neste fim, fica o sinal. Estamos aqui. Correu bem. Éramos poucos mas bons. E não repetíamos para corrigir nada. Fizemos o nosso trabalho. Está aqui o seu fruto. Sensibilidade, harmonia, filarmonia e, acima de tudo, evolução.
No próximo domingo há mais. Todo o dia a marchar. Vamos chegar ao fim capazes de tocar outra vez. Mas como isso é só vontade psicológica e não física, é melhor não tentar.

Os parabéns a todos os que ficaram até este momento e que o trabalharam e trabalharão mais além. Os lamentos por aqueles que não puderam ficar, os quais com certeza que gostaríamos de contar. O convite para quem não acredita nesta Banda e nas suas hipóteses, para que venha ver e ouvir e tirar conclusões mais fundadas e específicas. Os agradecimentos para todos aqueles que apoiaram a Instituição e que a vieram apoiar e saudar (em silêncio pela ocasião). Se gostaram ou não, fiquem sabendo que não pára por aqui.

Boa Páscoa. Sim. Já é domingo na hora de edição deste texto.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Hora da Verdade

E aproxima-se a Páscoa...
Em Amarante vão andar as cruzes a anunciar a "Boa-Nova da Ressurreição". A Mensagem de Fé e Paz vai ser passada a partir da nobre e única tradição que subsiste há longos anos no concelho e, mais precisamente, na paróquia de S. Gonçalo. As famílias reunr-se-ão em suas casas (algo já típico de todas as festas cristãs), esperando pela visita dos homens de toga. Todo este rebuliço e tradição vêm acompanhados de harmonia. Pois sim. Lá irá a Banda de Amarante reacordada correr as ruas, ruelas e estradões da paróquia, para dar côr à Visita Pascal.

Será a hora da Verdade neste regresso. Teremos que provar que estamos prontos e melhores. Cada vez melhores.
Teremos que calar as vozes de "contra-revolução" que ainda se fazem ouvir. De dor de cotovelo ou falta de orgulho. Teremos que os calar. E não deixar ficar mal aqueles que confiaram em nós, aqueles de orgulho ferido que mesmo assim nutrem o seu amor pela Instituição. Mas acima de tudo não devemos deixar ficar mal nós mesmos que assumimos este compromisso de entrega. A primeira nota que cada um de nós der na noite de Sexta-Feira Santa marcará o início de uma nova aventura. A Banda lutou para não morrer. Mostremos agora que nunce esteve mais viva.

"cada um deve dar o melhor de si e mais um pouquinho..."

quarta-feira, 12 de março de 2008

Espírito Filarmónico

Porque nos levantamos todas as manhãs de festa mais cedo que a maioria?
Porque fazemos longas caminhadas, ao Sol e calor ou à chuva e frio, sem vacilar, sem parar? E tudo isto a tocar.....
Porque tocamos em coretos apertados com exposição às piores das condições do clima, ou em palcos grandes mas sem qualidade de som?
Porque nos submetemos a tudo isto.... e nunca paramos?
É algo que não compreendem todos. Nesta sociedade de hoje em dia, a grande maioria quer ver e entreter-se. Assim desaparecem as tradições. Como quando não há quem ajude a visita Pascal de S. Gonçalo de Amarante e há muitos que queiram recebe-la. Enfim, só um exemplo.
Mas neste tipo de colectividades, ninguém pára mesmo.

Que é então espírito filarmónico?

Há poucos dias ainda aqui se escreveu que filarmonia advém etimológicamente do gosto pela música. E é mesmo isso.
Cada leigo ao ver uma Banda passar na rua pensa: "Olha a música, tocam tão bem". Outros ainda dizem: "Olha a Fanfarra....". Mas todo o mecanismo emocional de dar tudo por um dia de festa não lhes passa sequer na cabeça.
Espírito Filarmónico reside em duas bases: seriedade e descontração.
Numa Banda, cada um dá um passo musicado com a sua responsabilidade, mas com uma enorme toada de descontração. O segredo está em acordar para cada serviço com a vontade de rever os amigos de anos, com vontade de dar o corpo à causa; nobre causa da música, com vontade de, em muitos casos, descomprimir de contrariedades da vida, desaparecendo tudo naquelas horas em que o trabalho vira paixão.
Em concertos ao luar, o amor à música mistura-se então com o amor à Instituição, procurando cada músico dar o melhor de si, fundindo-se a Banda num só em momentos de maior concentração e esforço... e se calhar de evasão. Momentos em que, no fim, jorra suor pelas faces dos músicos. Saem suspiros. Abundam aplausos.
Ao fim de cada serviço, os músicos cansados no autocarro vão desligando desta evasão que acaba. Fica para trás uma aventura. Aqui ou ali um solo mais improvisado, um sorriso colorido, um novo conhecimento que agradou, uma música à qual soubemos responder à altura, e até respondemos bem melhor toda a noite. Tudo isto ao serviço de um nome. Um emblema que levamos ao peito (porque isto não acontece só no futebol).
E memórias que ficam sempre. Noites eternas, passadas com amigos de verdade. Aqueles que dão tudo por nós, aqueles que dão tudo pela Instituição e nos ensinam também a faze-lo. Amizades derivadas pelo sentimento de pertença a algo especial, de fraternidade.

Em Amarante, Espírito Filarmónico pinta-se de fraternidade, amor à Música e classe.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Plano de Serviços em 2008



Em ano semi-sabático, a Banda Musical de Amarante vai-se apresentar ao serviço nas seguintes datas com os seguintes compromissos:

21/Março - Sexta-Feira Santa - Procissão Fúnebre alegórica ao funeral de Jesus Cristo, integrada nas celebrações da Paróquia de S. Gonçalo da Páscoa.

23/Março - Festa da Páscoa - Romagens pela freguesia de S.Gonçalo (sem contar com os lugares pertencentes à parte de S. Veríssimo) em acompanhamento da visita Pascal, integrada nas celebrações da Paróquia de S. Gonçalo da Páscoa.

22/Maio - Festa do Corpo de Deus - Festa na cidade de Amarante. Inclui arruados ao início da tarde, concerto no largo de S. Gonçalo e procissão religiosa.

7/Junho - Festas da cidade de Amarante (dia 2) - Romarias populares a S. Gonçalo de Amarante. Inclui arruados ao início da tarde e concertos de tarde e à noite. Festa feita juntamente com a Banda de S. Martinho de Mancelos.

8/Junho - Festas da cidade de Amarante (dia 3) - Desfecho das romarias populares ao padroeiro da cidade. Inclui arruados ao início da tarde, concerto de tarde, procissão religiosa e acompanhamento às marchas alegóricas durante a noite. A Banda de S. Martinho de Mancelos fará também a sua parte neste último dia de Festas de Junho.

1/Dezembro - 154º Aniversário da Banda Musical de Amarante - Festa na cidade natal da Banda, com desfile pelas ruas do município ao som da Marcha "Hino da Restauração - 1º de Dezembro", inclusive ao quartel dos Bombeiros Voluntários (antiga instituição a que a Banda pertenceu) e ao cemitério (como homenagem a velhos executantes e figuras). Durante a tarde, concerto na sede da Instituição.

Como ano de recomeço das actividades, não percam o resultado de dias longos mas produtivos de trabalho. Contamos convosco....

De volta ao trabalho

A maré mudou. A Banda tinha cessado actividades após o abandono em massa de músicos, devido a divergências com o estado da qualidade e das actividades.
Ainda assim, após esforço conjunto de amarantinos dedicados e uma contribuição de uma confiante e igualmente dedicada (agora ex-) direcção que proporcionou todas as possibilidades de uma transição pacífica, foi possível recomeçar.

Assim sendo, o passado fica agora encerrado. Tudo o que passou , passou. E com a nossa história temos que aprender a não cometer erros com as fases más do passado e confiar no nosso potencial com as fases excelentes. Ninguém foi mau no passado. Nesta Banda, quem quer que prestasse serviço, prestou com a máxima dedicação e empenho, com o bem e prestígio da Banda nos seus horizontes, de acordo com as possibilidades de cada um. Assim todos os que passam, passaram e vão passando, têm direito ao seu lugar na história. E como está explícito em cima, é com esta história que aprendemos.
Mas a história também se faz de Revoluções. E foi o que aqui aconteceu. Uma transição mais radical do que seria de esperar, com vista à mudança para melhor da qualidade. Assim, após este processo, todas as desavenças devem ser agora postas atrás das costas; temos que ser só um - unidos.

Por fim resta dizer que, neste ano em que vem esta supostamente tão desejada transição, devemos olhar um pouco para cima da barriga, para o coração. Todos temos um carinho por esta Instituição, que nos ensinou a ser um pouco do que somos hoje. Também seríamos capazes de pedir ajuda a um amigo quando nos encontrássemos em situações mais delicadas. Assim, como pessoas e humanos, que certamente choraríamos se a Banda não desfilasse no próximo mês de Junho, sentiremos de certeza o apelo de vir ajudar. Todos precisamos da Banda. Não para nos garantir a nossa vida. Mas para nos garantir que defendemos uma causa nobilíssima e que fazemos parte de algo perfeito - Música... Ah, e somos Amarantinos.
Como disse alguém há dias, "Filarmónica etimológicamente quer dizer gosto pela música". Deixemo-nos guiar por esse gosto, esse amor.

"O que lá vai, lá vai. Agora é tudo uma vida nova que vem aí, nunca esquecendo o seu passado e as suas memórias"