Avisos:

A Banda de Amarante vai apresentar-se em Peroselo, Penafiel, para a festa em honra da Nª Srª da Visitação, no próximo dia 7 -- VI Estágio de Verão e Curso de Aperfeiçoamento de Sopros e Percussão (este ano com o maestro José Rafael Pascual Vilaplana) de 19 a 23 de Agosto -- Banda Musical de Amarante - Vencedora do 1º Prémio/III Escalão do IV Concurso Internacional Ateneu Artístico Vilafranquense e Prémio Tauromaquia

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Festa em Peroselo - Penafiel

Cada vez mais concentrados nas grandes metrópoles litorais ou, mesmo, emigrados para fora, por vermos capital que poderia dar muitos empregos ser usado para umas poucas vagas inúteis para determinada minoria, vamos como que esquecendo o Portugal profundo, o verdadeiro país que teimam em querer desertificar e deixar para trás. É aqui que começa Portugal e, também daqui, saem médicos, engenheiros, pensadores, intelectos, força de vontade e espírito trabalhador que podem muito bem dar a Portugal o espírito que precisa, fosse essa "austeridade" uma medida transversal a todo o português... Neste Portugal dos campos verdes e cultivados, rasgados por pequenos riachos e caminhos já modernizados que tornam as pitorescas aldeias mais simpáticas e acolhedoras, reside a nossa identidade. 

É nestes recantos de paraíso onde reside um povo que gosta das suas raízes e se junta, para celebrar as suas origens e os momentos que desde sempre fizeram parte da história das suas terras. A religiosidade já não é o engodo de outros tempos, felizmente, mas é uma perenidade que talha o nome do nosso país durante este século onde o termo globalização se confundo com o fenómeno de banalização. Num século XXI onde auto-proclamados heróis (tão culpados como qualquer outro) atacam ferozmente o clero por permitir... aplausos... Neste século onde o país se encaminha para se entregar, resta o povo para fazer religião, os verdadeiros crentes que relembram, nas suas festas, que têm uma fé, que não resolve nada, por si só, mas que já servirá para ajudar a mover algumas "montanhas" na vida.

Obviamente que, neste Portugal profundo, nem tudo são "rosas". Talvez vítimas da analfabetização que assolou grandes períodos do século passado, muitas dessas gerações do século XX tiveram infelizes exemplos de busca de protagonismo, ao invés de esforço por um melhor trabalho. Tivemos esse exemplo na infeliz comissão de festas que Gondar não mereceu, há uns 2 anos, em que o nosso momento de afinação, importantíssimo para a nossa actividade, foi criticado porque "ali não era para ensaiar"... Curiosidades que a falta de cultura não faz por satisfazer. Em Peroselo (Penafiel), pelo contrário, encontrámos uma organização diferente... Para melhor. A Nossa Senhora da Visitação soube, antes de mais, ter a felicidade de encontrar um grupo de jovens que não abandona as tradições e ama a sua terra. Sem desprezo por outras gerações, não querendo entrar em generalizações nos exemplos citados, mas trata-se de um sinal forte de esperança para o país, de que há renovação de gerações (e mentalidades) que fazem funcionar toda uma orgânica das tradições seculares que ainda vale a pena manter.

Começando o dia mal para a Banda Musical de Amarante, com 2 autocarros da empresa contratada para os transportes avariados, os músicos deram um pouco mais de si e usaram os seus transportes particulares para se deslocarem ao serviço. Um enorme sinal de compreensão foi dado por parte do grupo integrante da comissão, que conduziu muito bem a Banda pela festividade, assinalando os momentos de actuação e deixando o planeamento da tarde - anterior à procissão - ao critério do nosso maestro. Uma manobra que, de facto, deixa que os devidos responsáveis façam funcionar a festa dentro daquilo que lhes compete e sem quaisquer pressões.

Fomos exemplares no cumprimento das obrigações, obtivemos excelentes efeitos sonoros e técnicos contra as condições climatéricas que se faziam sentir (um imenso calor) e consistimos na animação de um largo em constante enchente até à hora da procissão. Exemplares, também, na conduta no momento solene, fomos aplaudidos na hora da despedida e deixámos esta freguesia penafidelense com missão cumprida. 

A Banda Musical de Amarante apresentou-se nesta romaria como mera banda sonora daquilo que ainda vale a pena ver: o Portugal profundo que também evolui, que é Portugal nas suas origens.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O Nosso Patriarca

A Banda Musical de Amarante juntou-se, orgulhosamente, à causa que moveu inúmeras instituições do concelho para receber o Bispo D. Manuel Clemente. Após diversas visitas ao nosso concelho, o sacerdote regressou, mais uma vez, desta feita para presidir às jornadas vicariais da Fé e se despedir da diocese que guiou espiritualmente nos últimos anos. D. Manuel sucede, assim, ao Cardeal D. José da Cruz Policarpo como patriarca de Lisboa, por nomeação do Papa Francisco I.

No Colégio de S. Gonçalo estiveram presentes muitas colectividades com actividade de entretenimento, desde grupos de bombos e ranchos folclóricos. Na indisponibilidade das nossas congéneres, coube-nos a nós marcar presença pelas actividades artísitcas de filarmonia, com o dever de não deixar ficar mal a arte que tão bem divulgamos pela nossa terra a par com as colectividades de Várzea do Marão e S. Martinho de Mancelos.
Recebemos a comitiva com diversos números a isso destinados, marcando, posteriormente, presença na missa presidida pelo novo patriarca.

Tudo o que desejamos é que D. Manuel Clemente leve boas memórias e sensações da nossa cidade e da diocese em geral e que leve o seu carácter digno e de intervenção social para as rédeas espirituais de um país que, neste momento, disso precisa.

Um "até já", cara Eminência...

sábado, 22 de junho de 2013

VI Estágio de Verão

BMA VI Estágio de Verão e Curso de Aperfeiçoamento de Sopros e Percussão
19 a 23 de Agosto de 2013, em Amarante
Direcção Artística - Manuel Fernando Marinho
Maestro Assistente - Emanuel Silva
Maestro Convidado - José Rafael Pascual Vilaplana

Professores:
Rui Maia - Flauta
Paulo Areias - Oboé
Gabriel Fonseca - Fagote
Hélder Gonçalves - Clarinete 
Hugo Marinheiro - Saxofone
João Bentes - Trompete
Hélder Vales - Trompa
Júlio Sousa - Trombone
Romeu Silva - Tuba e Bombardino
Nuno Simões - Percussão

Plano de Trabalho:

  • Segunda-feira, 19 de Agosto de 2013

14h Apresentação
14h30-16h30 Aulas
17h-18h Ensaio de Naipe/ Música de Câmara
18h15-19h30 Ensaio Tutti
22h Recital de Professores - Cine-Teatro

  • Terça-feira, 20 de Agosto de 2013

10h-12h30 Aulas
14h30-16h30 Ensaio de Naipe/ Música de Câmara
17h-19h Ensaio Tutti
21h15-23h30 Ensaio Tutti

  • Quarta-feira, 21 de Agosto de 2013

10h-12h30 Actividades lúdicas
14h30-16h30 Aulas
17h-18h Ensaio de Naipe/ Música de Câmara
18h15-19h30 Ensaio Tutti
22h Concerto de Alunos - Casa das Artes

  • Quinta-feira, 22 de Agosto de 2013

10h-12h30 Aulas
14h30-16h30 Ensaio de Naipe
17h-19h Ensaio Tutti
21h15-23h30 Ensaio Tutti

  • Sexta-feira, 24 de Agosto de 2012

10h-12h30 Actividades Lúdicas
14h30-16h Aulas
17h30-19h30 Ensaio Geral
22h Concerto Final - Claustros da C.M.A. 

Informação e inscrições a partir do site, facebook ou por e-mail (estagio_verao@bandamarante.com).


Preço: €65 (curso, jantares e almoços de terça e quinta-feira) 
(com alojamento e pequeno almoço: €75)

Prazo de inscrições: até 8 de Julho de 2013

Programa a Trabalhar:
Paisajes 
  • Victoriano VALENCIA ESPÍRITU
  • Mark CAMPHOUSE YOSEMITE AUTUMN
  • Philip SPARKE SUNRISE AT THE ANGEL’S GATE
  • José Alberto PINA THE ISLAND OF LIGHT

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Uma Banda para o Povo


Como todos os anos deve ter sido referido, o alívio (mas não cura) para a crise, quando em Amarante, é o fim-de-semana das Festas do Junho. Faz bem à nossa urbe este arzinho de festa popular. Faz bem ao povo ser encaminhado para o Largo de S. Gonçalo, à beira-rio, para comer umas farturas, ver os bombos ou as bandas, comprar e admirar os produtos do comércio de rua e divertir-se nos carrosséis. O povo precisa desta Festa. Não se deve afogar no esquecimento desejado no meio da alegria momentânea, mas sim ganhar ânimo neste pedaço de identidade que ninguém nos tirou, ainda.

É pena, ainda assim, que a ocasião conjuntural não permita uma maior afluência. Os nossos despiques de bombos merecem um Largo de S. Gonçalo a abarrotar... Não se verificou na sexta-feira de abertura. É pena, talvez, concentrar tudo num mesmo lugar... Como tocar na nossa pulsação com a batida dos carrosséis ali à porta? Tanto para eles como para nós, um lugar a si dedicado seria melhor... Embora haja que admitir que ter tudo concentrado num raio mais curto permita uma maior afluência e melhor circulação do povo que visita a celebração. São pormenores a pensar e para os quais nem nós nem ninguém ainda sugeriu melhor solução, se realmente há que fazer melhor. Importa louvar a continuidade desta Festa, numa câmara que vai continuar com a menor taxa de IMI do país para o próximo ano, no meio desta crise sem fim. Com todas as forças políticas em união (assim o povo espera) dentro da autarquia, seja quem for o edil, todos teremos mais ou menos pedidos e ideias novas... Mas ter Amarante como uma cidade ideal para viver, sobreviver e festejar é uma dádiva nos dias que correm.

A Banda apresentou-se. Para o povo. Rumou desde o ponto de partida, em Sta. Luzia, pela artéria principal abaixo, até ao nosso Mosteiro e ao Largo Cons. António Cândido. Estava aberta a caminhada, à qual viria ao nosso encontro a Banda Cabeceirense. Apresentando-se harmoniosa e disciplinada, não será mentira nenhuma dizer que encontrámos, nesse Sábado, uma "rival" à altura, com um som solidário e que, por certo, teremos que agradecer a quem deliberou a visita desta congénere que se veio dar a conhecer à nossa terra com simpatia e qualidade.

Mas nós somos de Amarante! Tivemos o nosso momento. Chamámos o público e os admiradores de boa música com as nossas obras, tocando para nós e gozando o momento. Exprimimos qualidade e mostrámos o que de melhor se trabalha e como nos fundimos em palco. Mas, à noite, ai as noites do Junho(!), fomos baile em Amarante. Tocámos para o povo, essa Amarante princesa. Com arte, sem entrar em populismo exagerado que estragaria a nossa qualidade, mas tocando para um público que nos aplaudiu, a Banda apresentou o seu repertório de festa, conseguindo, em conjunto com a nossa congénere, encher o Largo e colher aplausos e ovações. Reunimos pasodobles, aberturas transcritas e originais, números ligeiros e populares... Tudo com uma paixão de quem mira o Tâmega desde a sua ponte. Com a raça de quem estoura a pele dos bombos numa sexta à noite. Com a arte de quem tem 157 anos no peito, com responsabilidade. O povo gritou, saltou, aplaudiu... E esta é a sua Banda, para isto vive e para estas alegrias ensaia.

Domingo trouxe o último dia, mais sereno e religioso. Afinal, era o dia do Senhor... O Corpus Christi era celebrado ali, também, e as congéneres mais antigas do concelho (Banda Musical de Amarante e Banda de Sº Martinho de Mancelos) deram a abertura para a tarde de meditação litúrgica, com mais um bem conseguido concerto no Largo. Seguiu-se a procissão e a debandada dos cravos... Algo ingrata, diga-se, pois, para quem tem um instrumento "na boca", as pessoas atirarem-se para cima para apanhar cravos a todo o custo magoa fisicamente... Uma inovação a repensar.

As Festas foram assim, no plano filarmónico. Bem conseguidas, com orgulho, dedicação e alma amarantina. O povo precisa disto, não para fugir, mas para ganhar força para enfrentar as agruras do Portugal dos nossos dias. E a Banda de Amarante estará lá para sempre, com o seu povo.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Páscoa 2013

Fardas húmidas, pés doridos e completamente encharcados, instrumentos musicais sob grande risco na chuva. A Páscoa de 2013 veio mais cedo que o normal dentro da habitual calendarização católica, num ano, em especial, em que o Inverno tarda a nos deixar. Assim, na manhã da Visita Pascal, compassos e Banda saíram sob risco de chuva, que tinha feito, desde logo, adiar a procissão nocturna da sexta-feira anterior.
Pelos caminhos que ligam o mais claro e citadino urbanismo à bucólica e limítrofe ruralidade da nossa cidade, a Banda veio musicar a mensagem da Boa-Nova. A manhã teve muitos momentos, obviamente, de alegria e hospitalidade, entre amigos, no fundo. Mas, talvez, o mais enternecedor seja aquele no qual a Banda deixa um bocado do seu tempo às crianças da Instituição "Terra dos Homens". Nesta casa, crianças oriundas dos mais diversos cenários problemáticos encontram tecto e segurança... Fazer feliz uma criança deve ser das melhores sensações do acervo humano. Mas fazê-lo por um grupo de crianças nesta situação em especial e neste dia em especial... É a obra mais bem interpretada do ano pela Banda, acreditem...

A tarde trouxe muita chuva... A Banda teve que fazer um esforço e tomar riscos suplementares perante a etempérie climática que se abateu. Não sendo possível romar pelas ruas de forma tradicional, não se deixou, ainda assim, de parte a visita à Casa dos Bombeiros de Amarante, onde a recepção à Banda e à Visita Pascal é literalmente apoteótica. O transporte para a parte final do serviço, devido à necessidade de saltar o restante caminho, exigiu várias viagens de carrinha, sendo que um dos veículos teve um
incidente com uma tampa de saneamento que não aguentou a pressão da água em demasia.

A chuva deu tréguas nas horas finais, permitindo à Banda recomeçar o caminho na última rua, a Cândido dos Reis, seguindo para o finale no nosso Mosteiro. O arranque da eucaristia marcava, assim, o final de uma demanda que exigiu o máximo de músicos e voluntários da Paróquia. Interpretava-se uma última obra, ao som das muitas campainhas. A festa recolhia e os Cristãos iam agora à cerimónia do dia.

No meio desta provação, a Banda não seguiria o caminho se não tivesse quem o indicasse. Tal como já fora informado, entrou ao serviço da nossa Banda o nosso novo maestro Emanuel Silva. De forma descomplicada, consciente, organizada e extremamente calma e pacífica, o novo timoneiro guiou o grupo pelas ruas da caminhada, optando pelas melhores opções aquando das mudanças drásticas no clima, sempre no melhor equilíbrio entre os requisitos da festa e necessidades dos músicos, com decisões concordantes com todo o núcleo. Isto com o mínimo de perdas de tempo.

Os parabéns a todos pelo esforço. A prova está aí que, no meio da crise, seja ela qual for, felizes aqueles que "caminham em pé" A Banda tocará sempre um "hino" a isso. Venham ouvir!

sexta-feira, 29 de março de 2013

Novo Ciclo

Raro é o caso em que um ciclo se torna eterno. Difícil será, mesmo, para quem tem que admitir que o seu terá chegado ao fim. Na Banda de Amarante lutámos, outrora, para garantir que nenhum ciclo seja garantidamente. Não falamos de ciclos de pertença ou amor pela Instituição. Focamos o conceito nos ciclos de desempenho. Ficarão para sempre na memória e na História aqueles que tiveram a hombridade e o amor pela Banda ao ponto de declararem o fim do seu ciclo e cederem a vez ao sortudo seguinte... Por outro lado, quem quiser prolongar o seu ciclo para lá daquilo que pode dar, quando houverem melhores oportunidades e correr o risco de levar a Banda ao fundo, confundindo os interesses desta com os seus próprios, terá uma nota de falta de amor e racionalidade para com o bem maior e conjunto do grupo e da Instituição.

Armando Teixeira esteve ao comando da nossa Banda desde 2008. Cresceu como maestro e como líder e, com ele, cresceu a nossa Banda. Com o seu contributo essencial e primordial, a Banda lançou nos seus quadros cerca de duas dezenas de jovens instrumentistas, cresceu em qualidade exibicional e de repertório, preparou-se para eventos em que a resposta ao nível do desempenho teria que ser rápida e perfeita (estágios, concertos vários e concurso), liderou a Banda nos momentos mais difíceis e inóspitos obtendo uma resposta de união e dedicação por parte do grupo todo e, mais importante que isso, acabou com a sensação de que, onde quer que fôssemos actuar, ficávamos a dever sempre algo (muito) à qualidade e à banda congénere que, por ventura, nos acompanhasse. No "consulado" de Armando Teixeira, com a sua contribuição, a contribuição do director artístico e o empenho que ele conseguiu tirar de cada músico, a Banda Musical de Amarante passou a ser um nome respeitado, de qualidade reconhecida, não por simpatia de quem passa a ouvir, mas, também, por conhecimento de causa de quem religiosamente se disponibilizava a ajudar em todas as ocasiões e de forma amigável e de quem confiava, apostava e apoiava os nossos projectos... Para além de ter aberto o caminho que permitiu que a Banda fosse conduzida a um patamar de grupo musical galardoado. Para além de tudo isto, fica também a grande qualidade de um homem que, reconhecendo mérito e qualidades a quem pudesse fazer melhor, entregava o lugar e trabalhava onde fosse preciso para a Banda crescer ainda mais que aquilo que ele sozinho conseguisse fazer.
Com tudo isto, razões não faltavam para, não tornar infinito, mas prolongar ainda mais este ciclo de sucesso... Mas, por vezes, não é o desempenho que decide o fecho do ciclo. Um homem tem vida, tem problemas a resolver, conquistas a fazer e oportunidades a não desperdiçar. Armando Teixeira reconheceu, nesse ponto fulcral da sua vida, que não deixaria que a Banda lhe estorvasse o seu caminho mas, mais importante ainda, não deixaria que o seu caminho fosse lesivo para a Banda. Momento de honestidade, reflexão e perfeita racionalidade: pelo melhor, cede o seu lugar com missão cumprida.

De forma rápida, eficaz, bem pensada e coerente, a Banda renovou a posição. Baseada numa avaliação por quem percebe e pelos próprios músicos, no currículo, demonstranção de habilidades e na margem de evolução, a direcção da Banda nomeou o novo representante do cargo de maestro. Depois de crescer no seio da Instituição, vindo da sua Lixa para ajudar sempre com disponibilidade e dedicação, Emanuel Silva foi o escolhido para indicar os caminhos da Banda no período que temos pela frente. Num cenário de dificuldades económicas que afectam directamente as romarias do nosso país e os apoios aos nossos projectos, de decaimento cultural que vai esquecendo a herança que a filarmonia deixou e de dificuldades de sustento de instituições como a nossa, a tarefa do nosso maestro não é fácil, como nunca foi a dos seus antecessores. A responsabilidade acresce com a necessidade de manter a Banda sempre acima do patamar atingido e evoluir a partir daí. Tudo condicionantes a que Emanuel Silva disse "presente" e que fazem acreditar que ele é o homem certo.

A História escreve-se continuamente. Armando Teixeira deixa saudades e marcou com letras profundas o seu nome na nossa cronologia. Emanuel Silva é o senhor que se segue, timoneiro de um legado de 160 anos e promessa de um futuro com sucesso. Mais importante, os músicos estão com ele e Amarante deve estar sempre com a sua Banda.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

III Curso de Direcção


O que se pode fazer pela música?
Está visto que, em Portugal, se torna cada vez mais difícil viver de e para ela. A actividade musical é ainda muito vista como algo secundário, do género “és músico, e que mais fazes na vida?”; é tida como algo que “até” pode ser feito de borla, que não tem mal. Os músicos com uma formação intensiva e superior na área lutam para sobreviver, como, aliás, grande parte de outras importantíssimas profissões. Música é uma actividade essencial, e pode ser uma profissão tão importante como as outras, pode ajudar a salvar vidas, por muito ilógico que isso possa parecer. A música está sempre presente na nossa mente e na nossa vida. Na nossa cabeça há-de andar sempre “aquela” melodia subtil e recalcada que, por vezes, até nos dá alguma indisposição, por insistir ficar na memória; muitos momentos da nossa vida são marcados por músicas e canções que, no nosso íntimo, poderiam traduzir nota a nota esse tal momento que queremos descrever; os acordes musicais podem, muito bem, traduzir estados de espírito, sendo fácil associar um acorde maior a um humor positivo e um acorde menor a um humor (mais) negativo; sons do nosso corpo e essenciais à vida podem ser reproduzidos por instrumentos musicais, desde a nossa pulsação à nossa respiração, por sopros nos bocais, premir cordas de um baixo sob pressão, etc., etc.

Não há limites às potencialidades musicais e, ainda assim, o ser profissional nesta área continua em parte mal compreendido. No entanto, este mundo permite o amadorismo, porque a música é universal, tem partes complexas, mas também tem partes simples, permitindo que um aficcionado ou um conjunto tirem um efeito musical bastante gracioso e expressivo; sendo que o amadorismo também sofre de um mal idêntico ao profissionalismo na música – as bandas são tidas, por vezes, como meros elementos de romarias, esquecendo as potencialidades que uma instituição organizada pode ter na divulgação, proliferação, formação e fundação de ideais e saberes musicais.

A função das bandas filarmónicas é e sempre será a de “orquestras do povo”. Uma orquestra do povo não se deve só limitar a divertir o anónimo que passa e até se põe a conversar alto perturbando a execução. Uma boa orquestra (mesmo só executando concertos) ensina os seus ouvintes… Seja a ouvir, a apreciar ou a saber estar. A função das bandas filarmónicas é ensinar, também. Seja nas suas escolas, seja nas iniciativas que promove, seja no repertório que escolhe, uma banda deve dar um exemplo de uma gestão que combine a satisfação popular com a dignificação da música como arte (não se limitando só à primeira vertente). Porque as bandas são um agrupamento musical de valor e a música de sopros é tão importante como a música sinfónica (i.e. de orquestras sinfónicas).

A realização de um Curso de Direcção vem nessa vertente. É sempre necessária uma proliferação de conhecimentos eficaz e que abra novos horizontes na visão que há dos potenciais gestores de um grupo musical – os maestros. Ganhar o lugar por ter “nome” como músico, por ter anos de casa ou por saber “umas coisas” deve dar lugar a merecer o cargo por estar devidamente formado. E, com eventos como este, que existem cada vez mais por este país, tal deixou de ser difícil. Um aficcionado, com gosto e força de vontade, pode desfrutar dos ensinamentos de grandes mestres na arte de dirigir 50/60 músicos com uma batuta.
A Banda Musical de Amarante apresentou o conhecimento de Rafael Agulló Albors. Este nosso amigo, já com uma ligação forte à nossa cidade, fez uso do fim-de-semana passado para abrir um pouco “o livro” daquilo que o torna um dos melhores maestros do nosso país vizinho e da península. Do outro lado, diversos participantes tiveram oportunidade de dirigir a banda de estudo, a nossa Banda de Amarante, sendo que era a primeira vez para alguns. Outros elementos participaram como ouvintes, sendo que, aqui, a adesão de elementos da Banda foi bastante positiva, mostrando a identidade da Instituição focada na evolução constante.

A Banda foi exemplar, tocando ao seu melhor nível, nunca escondendo aos participantes os seus defeitos e as suas virtudes, de modo a poder ocorrer o fenómeno pedagógico de ensino e correcção.
A Banda segue o seu caminho e estes senhores também. Mais uma (a terceira) experiência de um projecto interessantíssimo. As bandas filarmónicas sempre foram um meio amador, a partir do qual se lançaram alguns dos melhores músicos do país. Os pergaminhos de excelência do nosso meio não devem nunca ser esquecidos e, se puder começar aqui o ensino empenhado e correcto de uma linguagem importantíssima no desenvolvimento da pessoa, porque não esforçarmo-nos?

Programa:

  • St. Thomas Choral – Pavel Stanek – por Emanuel Silva
  • A Little Concert Suite – Alfred Reed – por Alexandre Fraguito, Marco Pereira, Rui Leal e Paulo Veiga
  • Fanfare, Romance and Finale – Phillip Sparke – por Nélson Carvalho, Tiago Soares e António Ferreira
  • Olé! Contrabandistes, pasodoble – Ramon Garcia i Soler – por Luís Oliveira

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

S. Gonçalo de Amarante - 2013


Ponto prévio: a Igreja de S. Gonçalo é fenomenal. Entrar pela porta do fundo e ver toda a assembleia reunida, numa nave imponente, de tectos altos, trabalhados a pinturas de uma arte e fineza deslumbrantes; ver (e ouvir) o órgão de tubos a conferir ao monumento o seu ambiente clerical único a par do leal coro da Igreja; ver os altares e suas talhas douradas, as inúmeras esculturas religiosas e toda a envolvência; observar, bem lá no alto, no arco abobadado da entrada para o altar-mor, o escudo da nossa Nação, sempre gracioso e enorme; ver no fundo de tudo a fantástica pintura da ascensão do Beato Gonçalo aos pés da Virgem e um enorme cartaz a dizer, simplesmente “Creio”. É uma experiência simples, acessível a qualquer um mas, bem saboreados os pormenores, uma memória que qualquer pessoa se deliciará de ter.
Voltando ao cartaz: “Creio”. Neste ano da Fé, a palavra é enorme e deve ser absorvida no nosso vocabulário e na nossa atitude de vida. O crer vai muito para além da fé que muitos tentam banalizar no ateísmo, por um Deus “incorpóreo” ou um Jesus “mágico”. O crer que Jesus existiu, que foi e é o “filho do Homem” e crer na omnipresença de Deus e no seu amor por todos nós é um dever de quem é religioso, sem dúvida. No entanto, a força da palavra “crer” vai muito para além disso.

Que levava S. Gonçalo quando decidiu construir uma ponte num sítio complicado do Tâmega, só pela vontade de fazer o bem pela comunidade? Levava o crer, a fé. Muitos dos milagres que lhe são atribuídos andam á volta dessa obra, dos feitos que contam tê-lo visto fazer, numa impossibilidade anunciada que era atribuída à construção. Se um milagre engloba todos esses contados em lenda, esse é o milagre do crer. A crença e a fé, antes de se sobrelevarem aos céus, tem que ter uma força terrena. Antes de mais, tal como S. Gonçalo de Amarante ensinou nos seus gestos, a crença tem que ser humana. Só crendo em nós próprios é que alguma vez conseguiremos perpetrar o milagre de atingirmos objectivos e fazer o bem por nós e pelo próximo.

No dia de S. Gonçalo, a comunidade que nele crê juntou-se na igreja, a rezar e a celebrar. A Banda Musical de Amarante é comunidade. Não faltou ao dever e ao chamamento e apresentou-se na cerimónia, apresentando o “Hino a S. Gonçalo” aos amarantinos. A crença é uma força que existe na Banda Musical de Amarante e os “milagres” aconteceram. A Banda respira vida renovada com dois novos executantes produzidos na nossa escola e no C.C. de Amarante, ganhou um importante concurso, tem uma obra pedagógica em constante evolução, traduzida na sua escola e nos seus estágios e cursos e tem um caminho de sucesso nos compromissos e romarias em que marcou presença.

2013 vai abrir um novo ciclo, a todos os níveis, no cerne da nossa Banda. 2013 vai apresentar enormíssimos desafios a todos nós. Só com muito crer é que conseguiremos encontrar o caminho certo. A Banda Musical de Amarante não desiste. O “creio” de S. Gonçalo é forte, muito forte, perpetua-se nas pedras brancas do largo de S. Gonçalo, nos sinos da Igreja, nas histórias da nossa cidade. Perpetuemo-lo nós também.